capa: Miriam Nigri Shreier
voltar ao acervo
|
EDITORIAL | | TEXTOS | Enquanto a Psicanálise vive o risco de tornar-se uma “ciência objetiva”, o psicanalista vê-se diante da exigência de levar em conta a questão da narratividade histórica, tal como ela foi problematizada pela descoberta de Freud. Talvez Freud tenha tido uma relação não-ocidental com sua produção de textos, a julgar pela importância que dava à palavra do outro. Aliás, há mais dificuldades em traduzi-lo para línguas ocidentais do que para orientais. Examinando a tensão entre as dimensões técnica e ética na experiência clínica, a autora ressalta que a qualidade humana da escuta psicanalítica pode revelar a maneira como os psicanalistas são afetados pelo sofrimento psíquico de seus pacientes. Retomando uma discussão entre ética e psicanálise, o autor defende a prevalência da prática psicanalítica sobre padrões técnicos, apontando a questão da dissolução da transferência como um desses princípios. Fazendo uma análise comparativa das noções de trauma, pulsão e fantasia, este texto mostra vínculos pouco notados até aqui entre a obra de Freud e a perspectiva de alguns dos seus sucessores. É um equívoco dizer que o amor é a busca por um objeto perdido. Com base em Freud e na teoria da sedução generalizada, de Jean Laplanche, o presente artigo argumenta que o ser humano é um ser impelido pela pulsão e não pela falta. A criação do conceito de função-alfa e o estilo de Bion podem ser vinculados pela experiência da alteridade. Notar como ela se faz presente em seu pensamento favorece a compreensão de sua teoria do pensar. Este artigo se propõe destacar a especifi cidade do movimento de ruptura, tal como foi pensado por Pontalis, que, aliado à sexualidade, é condição indispensável à promoção de mudanças, transformações e expansão psíquicas. Investigando o estranhamento e a familiaridade da leitura de Dostoiévski por Freud e Bakhtin, este ensaio analisa a tensão entre síntese e cisão na obra do escritor e suas possíveis repercussões para a refl exão psicanalítica. | |
|
ENTREVISTA | Elisabeth Roudinesco confere a esta entrevista a sagacidade característica de suas idéias e posturas. Historiadora e psicanalista francesa, ela parece partilhar algo da trilha que reconhece na obra de Jacques Lacan, a quem descreve como “um homem [...] fundador de um sistema de pensamento cuja particularidade foi considerar que o mundo moderno posterior a Auschwitz havia recalcado, recoberto e rompido a essência da revolução freudiana” (1994). Roudinesco, ela própria, ao escrever essas linhas deixa entrever sua atenção dedicada ao que se passa com a psicanálise em seu/nosso tempo. Suas publicações situam a importância e a força do saber e da clínica, desde Freud, no interior das civilizações moderna e contemporânea, insistindo na lembrança de que o sujeito psíquico não se reduz ao cérebro e suas funções, bem como que a política e a história das sociedades estão implicadas nas dinâmicas dele constitutivas. Sendo assim, a ciência biológica que esquadrinha o corpo e o cérebro, ao buscar neutralizar a idéia radical de confl ito que funda o humano, nos coloca a todos sob o risco de uma espécie de “higienismo totalitário” que descarta a vida pulsional e o inconsciente.. | DEBATE | Envolvidos no preparo da entrevista com Elisabeth Roudinesco para este número de Percurso, deparamo- nos com o saboroso diálogo da pesquisadora com o filósofo Derrida em De que Amanhã... (Diálogo) [1].
A diversificada abordagem empregada – filosófica, histórica, literária, política, psicanalítica – para tratar de temas extremamente atuais fez do ‘reinterpretar-criticardeslocar’ palavra de ordem ao abordar a psicanálise... | LEITURAS | Resenha de Abrão Slavutzky e Daniel Kupermann (orgs.), Seria trágico... se não fosse cômico - humor e Psicanálise, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005, 351 p. Resenha de Sérgio Telles, Visita às casas de Freud e outras viagens, São Paulo, Casa do Psicólogo, 2006, 195 p. Resenha de Jacques Derrida, O animal que logo sou (A seguir), Trad. Fábio Landa. São Paulo, Ed. Unesp, 2002, 92 p. Resenha de Flávio C. Ferraz, Tempo e ato na perversão, São Paulo, Casa do Psicólogo, 2005, 110 p. Coleção Clínica Psicanalítica. Resenha de Dominique Fingermann e Mauro Mendes Dias, Por causa do pior, São Paulo, Iluminuras, 2005, 174 p. Resenha de Fátima Milnitzky (org.), DesaÞ os da clínica psicanalítica na atualidade, Goiânia, Dimensão, 2006, 161 p. Resenha de Silvia Leonor Alonso e Mário Pablo Fuks, Histeria, São Paulo, Casa do Psicólogo, 2004, 267 p. Coleção Clínica Psicanalítica.
| |
| |
|