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64
Ter remoto Pensamentos em tempos pandêmicos
ano XXXII - Junho de 2020
163 páginas
capa: Augusto de Campos
  
 

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Notas


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 EDITORIAL

Editorial

Letter from the editors

A perda de nossa querida colega de departamento Sandra Navarro, no dia 23 de agosto de 2020, nos comoveu profundamente, intensificando o pesar pela distância, quando só a proximidade poderia nos acalentar. Seu bom humor, sua alegria, generosidade e lucidez serão para sempre lembrados por todos nós que tivemos o prazer de tê-la por perto, em algum momento de nossas vidas. Sandra deixa muita saudade em amigos, colegas, pacientes e alunos.

 

Neste momento de tantas perdas, a delicadeza da poesia visual de Augusto de Campos vem ao nosso encontro. Do bater de asas da FR-ÁGIL BORBOLETA, um TERREMOTO abala nossos alicerces e expõe nossas entranhas.

 

Nada por acaso, mas a nos surpreender como se o fosse, e em movimentos centrífugos de abrangência cada vez maior, um pequeníssimo traço de informação genética se propaga entre nós e cria sucessivamente novos efeitos, cujas magnitude e consequências estamos ainda longe de conhecer. Vivemos uma espécie de realismo fantástico?- em nosso cotidiano, não mais nos livros nem nas telas de cinema. E então, ao redor dos produtos de nossos conflitos e de nossa fria brutalidade, em torno da realidade de nossas dores, uma rede de fios começa a se tecer a partir de uma profusão de movimentos coletivos, revelando também nossa capacidade inventiva, a criar redes de solidariedade e mobilizar forças que configuram uma esperança possível.

 

Da mesma forma, com grande rapidez e sintonia, nós, analistas, respondemos coletivamente, e passamos a apostar e investigar outras formas de proximidade e escuta, reinventando as possibilidades das telas e sustentando os encontros "em linha"?- na denominação proposta por Lia Pitliuik. Diante do TERREMOTO, apostamos na potência de outras formas de presença, algo como um TER?- REMOTO.

 

Este número da Percurso traz artigos e contribuições escritos antes ou durante estes tempos pandêmicos. Alguns se debruçam sobre a crua realidade política que vivemos, sobre a barbárie de Eros; outros, sobre as sutilezas da clínica, criando aberturas, tecendo fios, respirando com Bollas e a música. A psicanálise engajada em seu tempo e cultura contribui para pensarmos na história, na marca patriarcal e escravagista, arraigada, cruel e autoritária, como vemos na política brasileira em momentos diferentes. Contribui também para a formulação de notas com as quais possamos pensar um depois do fim desse mundo.

 

A tradução do texto de Maurice Dayan, falecido em abril deste ano, nos chegou por Ana Helena de Staal. Junto a Dayan, alguns meses antes, Ana Helena empenhou-se para organizar a doação de uma parte significativa da biblioteca do psicanalista francês para o Instituto Sedes Sapientiae. Estamos agora mobilizando esforços para trazê-la ao Brasil. A Ana Helena, que também assina a apresentação do texto de Dayan, os nossos agradecimentos.

 

Lembramos também de Hugo Bleichmar, que esteve presente na formação de muitos de nós, e faleceu em 2 de abril de 2020. Parte de sua produção pode ser encontrada no site da revista Aperturas Psicoanalíticas, por ele fundada.

 

Boa leitura!


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Percurso é uma revista semestral de psicanálise, editada em São Paulo pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde 1988.
 
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