EDITORIALEditorialLetter from the editors
Espelhos, poema de Augusto de Campos abre Percurso 66. Homenagem aos seus 90 anos, 70 de radicalidade poética. Já no Manifesto Concreto, o registro de opção ética: palavra, campo de resistência. Ativismo na exploração das relações-funções de suas camadas semânticas, sonoras e visuais. Jogos de espelhos, multimeios, a cada vez, palavras levadas às bordas, figurabilidades inéditas. Camadas clínicas. Dobras e redobras. Evidenciam-se a diversidade de mundos e a singularidade de seus afetos. Da proximidade no início dos anos 1960 com Boris e Regina Schnaiderman - presença fundamental desde a criação do Curso e do Departamento de Psicanálise - à homenagem que a ela fizemos junto às comemorações de Percurso 60, a presença de Augusto e Haroldo de Campos. Há todo um caldo de cultura do qual somos herdeiros e que traz aí um de seus começos. O diálogo de muitas vidas em meio a literatura, traduções, filosofia, semiótica, psicanálise. A escrita que, ao longo de muitas décadas e em diversos grupos psicanalíticos, se dá na confluência da poesia concreta e da psicanálise. E o privilégio de podermos acompanhar Augusto de Campos explorando as plataformas mais atuais - agora, o Instagram; novas fronteiras. Materialidade das palavras, em tempos de palavras tão esvaziadas. Potência da palavra/multimeios em tempos de meios tão esvaziados de palavras. Terceiro número de Percurso publicado em meio à grave situação político-sanitária que vivemos - face à clínica - os artigos bem como as duas sessões de debates, a entrevista e as resenhas aqui publicados vêm participar das discussões em curso. BOA LEITURA!
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