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ÍNDICE TEMÁTICO 
45
Psicanálise: formação e instituições
ano XXIII - dezembro de 2010
232 páginas
capa: Fernanda Mendes Luiz
  
 

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 EDITORIAL

Editorial - Percurso 45

Letter from the editors


Inventar uma instituição onde se evite a cristalização e o dogmatismo foi a marca inaugural do Curso de Orientação Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae, depois Curso de Psicanálise. Atualizá-la tem sido o princípio norteador dos movimentos que se lhe advieram.

Nove anos do Curso, várias assembleias, toma corpo o desejo de um lugar de formação continuada em que a produção teórico-clínica fosse o eixo em torno do qual psicanalistas – não mais vinculados à condição de professores e ex-alunos – pudessem se reunir e desenvolver trabalhos em diversas frentes.

Assim, em 1985, cria-se o Departamento de Psicanálise, sendo o Curso uma das suas áreas. Com o tempo, outras vão se desdobrando: Clínica, Formação Contínua, Eventos, Publicações, entre outras, diversificam os canais de uma pertinência que se legitima em torno de cada proposta de trabalho.

O compromisso renovado com a não cristalização de lugares põe em andamento outra série de discussões acerca de o Curso ser a única entrada para o Departamento, que àquela altura já tinha ganhado mundo por suas inúmeras realizações. Em uma assembleia de 1995, vota-se por sua abertura. Constituem- se novas fronteiras e outras questões. Elege-se a primeira Comissão de Admissão para o aprofundamento do debate e a seleção de novos membros.

Outras Comissões vieram e, no final de 2009, Percurso recebeu do atual grupo a proposta de realizar um número temático que, sob vários prismas, bem como nos diversos campos de articulação da revista – artigos, resenhas, entrevistas, debates e traduções –, levasse adiante reflexões a partir do que vinham discutindo. Proposta aceita, apresentam- se aqui os seus desdobramentos.

Um trabalho instigante, de Otto Kernberg, particularmente crítico quanto aos modelos de formação em vigor nas instituições psicanalíticas, foi traduzido especialmente para este número de Percurso. Texto que convida à reflexão e ao debate, por trazer à tona concepções sobre o método psicanalítico e sua transmissão.

Depois da tradução se seguem artigos de diferentes enfoques.Temas como o difícil percurso das primeiras mulheres analistas, suas contribuições e seus destinos, considerações sobre algumas consequências para a psicanálise da política de regulamentação, a questão da autorização do analista, o lugar da escrita na análise e na formação, o depoimento de colegas que participaram da primeira Comissão de Admissão do nosso Departamento, em 1995, bem como artigos escritos com base na exposição clínico-teórica que os candidatos realizam no tempo de sua passagem para a situação de pertencimento institucional ao Departamento, compõem o conteúdo deste número temático de Percurso. A eles se acrescentam, na seção Debates, as considerações de colegas ligados a diferentes instituições a respeito dos modos diversos de propor a análise do analista, um dos pilares da formação e, por certo, aquele que suscita maiores divergências.

Novamente convidada, Radmila Zygouris nos concede uma entrevista na qual, com a lucidez e a vitalidade de pensamento que já conhecemos, manifesta-se a favor de uma psicanálise laica, politicamente ativa contra o esmagamento do sujeito em uma cultura que supervaloriza a padronização, a normalização e o controle. Para isso, a formação dos jovens analistas precisa valorizar a multiplicidade de referências e estar atenta aos aspectos transferenciais de tutela e de endogamia presentes nas instituições.

Entre as resenhas, a que apresenta o livro de Jean Oury, O Coletivo, também chama a atenção para a necessidade de reflexão e formação permanentes no âmbito institucional, como instrumento da vigência e do vigor do discurso psicanalítico.

Há mais de um século, desde as discussões de quarta-feira em Viena, tais questões inquietam espíritos e mobilizam as paixões mais diversas.

É, nessa medida, e buscando ampliar o debate, que esperamos poder ser do interesse de outros analistas, de outras instituições, compartilhar aquilo que de certa maneira nos recorta.

Nota: Neste número de Percurso prestamos também uma homenagem a nossa colega Luciana Kopelman, falecida em 2009, publicando um dos seus últimos trabalhos. Com sua vivacidade e generosidade, Luciana contribuiu ativamente para o avanço de importantes questões em nossa instituição. O texto aqui apresentado é uma comunicação feita em Simpósio deste Departamento.
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Percurso é uma revista semestral de psicanálise, editada em São Paulo pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde 1988.
 
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