EDIÇÃO

 

TÍTULO DE ARTIGO


 

AUTOR


ÍNDICE TEMÁTICO 
49/50
André Green
ano XXV - Junho 2013
216 páginas
capa: Serge Poliakoff
  
 

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 EDITORIAL

Editorial

Letter from the editors

Este ano Percurso comemora 25 anos. Tempo de investimento e prazer no trabalho de expressar e divulgar a produção escrita  do Departamento de Psicanálise, bem como de veicular textos de autores de fora que contribuam para as discussões que aí se dão. Este é também um número especial, de colaboração e solidariedade. Pois, como poucas vezes ocorreu, foi feito em co-editoria, desta vez com nossos colegas e amigos residentes na França, em homenagem a André Green.

 

A discussão para a pauta do número 49 coincidiu com o falecimento de Green, e na ocasião decidimos fazer um número sobre o autor e sua obra. André Green foi um dos grandes psicanalistas do século xx, que, como Laplanche, Rosolato, Pontalis, perdemos no ano passado e no início deste. Foram expoentes de uma geração de analistas que retomou Freud de maneira inovadora e contribuiu para mudanças decisivas no panorama da psicanálise. Green, em particular, aportou contribuições teóricas da maior importância, como conceituações a respeito do negativo, da pulsão de morte, da terciaridade, da linguística, da sublimação. Dialogou com Lacan, Winnicott, Bion, Melanie Klein, entre outros. Voltou-se também para o estabelecimento de uma ponte entre a psicanálise americana e a europeia.

 

O projeto de fazermos um número especial, temático, estava colocado. Tínhamos em mente convidar alguns autores brasileiros que havíamos escolhido em função do já conhecido interesse pelo autor, e também contatamos Ana Helena de Staal, nossa companheira do Conselho Científico de Percurso. Sabíamos que esta colega, analista brasileira residente em Paris, era ligada a Green, tendo inclusive publicado seus últimos livros através da editora que dirige, a Editions d' Ithaque. Qual não foi nossa surpresa ao vermos que ela não só se dispôs a colaborar, como também abriu as portas a todos os seus contatos, entre aqueles do grupo mais próximo de Green. E deste feliz encontro resultou este número duplo, 49/50, que comemora o aniversário da revista e presta homenagem a este pensador tão influente no cenário psicanalítico atual.

 

Assim, ao longo dos meses de preparo deste número foram se somando as colaborações de autores franceses e brasileiros. E ao rever o conjunto dos artigos, não se pode deixar de notar que, entre os chegados da França, há alguns em que predomina o coração, como o de Litza Green, viúva do homenageado, que escreve um depoimento apaixonado e ao mesmo tempo teórico (se é que isso é possível) sobre a perda. E há também o texto de Christopher Bollas, que, sob a perspectiva de sua amizade com Green, fala da interação deste com o meio analítico americano. São trabalhos em que se nota a perda do companheiro, do amigo, do pai intelectual.

 

Outros artigos, ainda entre os vindos da França, optam por examinar com rigor aspectos teóricos da obra de André Green. Fernando Urribarri trata das suas contribuições à teoria da linguagem e da representação, Maurice Corcos e Alejandro Rojas abordam a articulação entre a arte e a psicanálise no seu pensamento, e no artigo de Alain Gibeault se evidencia a maneira pela qual a psicanálise inglesa está presente em várias noções importantes no pensamento de Green. Por sua vez, a concepção da mãe morta é retomada no texto de Luiz Eduardo Prado de Oliveira.

 

O mesmo interesse e a abordagem rigorosa do legado intelectual e conceitual de André Green estão presentes nos artigos dos autores brasileiros que convidamos, dando testemunho do reconhecimento da perda de um mestre respeitado, cuja obra estudamos e admiramos. Reflexões instigantes em torno da noção de trabalho do negativo surgem nos artigos de Elisa Ulhôa Cintra, de Daniel Delouya e de Adriana Barbosa, que, por sua vez, também aborda a riqueza das contribuições de Green sobre a sublimação e a experiência estética. Em acréscimo, os artigos de Décio Gurfinkel e Talya Candi se aprofundam nas inestimáveis contribuições de Green ao estudo do fronteiriço, dos casos-limite. As posições de Green como intransigente defensor das especificidades da pesquisa em psicanálise clínica são lembradas no texto de Luis Cláudio Figueiredo, e a importância do autor no cenário da psicanálise contemporânea é retomada no artigo de Nelson Coelho Jr.

 

A entrevista realizada com André Green nos foi cedida por Fernando Urribarri, e o debate contou com a participação de José Martins Canellas Neto, Octávio Souza e Renato Mezan.

 

Gostaríamos de agradecer em especial a Ana Helena de Staal, por sua generosidade e rigor de trabalho como nossa coeditora. Sem a sua disponibilidade e participação - desde o convite aos autores na França e o encaminhamento dos artigos, inclusive de dois textos inéditos do próprio Green, até a imensa contribuição no acompanhamento das traduções e revisões - este número tão especial não teria acontecido.

 

A Litza Green e família, endereçamos também nossa gratidão por colocar à disposição as fotos que fazem parte desta edição, inclusive a do quadro de Poliakoff que ficava na sala de atendimento de Green.

 

Vida e morte, ganhos e perdas, se impõem neste número, em que contamos também, entre outras, com a preciosa resenha do livro Retrato calado, do saudoso Luis Roberto Salinas, por Marilena Chauí.

 

Que a experiência desses anos de trabalho e convivência, assim como as contribuições desses mestres, não sejam jamais perdidos de vista, e que possamos - como sugeriu F. Urribarri em sua fala no funeral de Green - recordar, elaborar e assumir o seu legado

 

Boa leitura a todos.


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Percurso é uma revista semestral de psicanálise, editada em São Paulo pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde 1988.
 
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