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48
Transições na clínica: fundamentos e desafios
ano XXIV - Junho 2012
207 páginas
capa: Celia Euvaldo
  
 

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 EDITORIAL

Editorial

Letter from the editors

Ao longo das últimas décadas, em especial da última, temos presenciado enormes transformações no mundo, não somente em termos da ciência e da tecnologia, como também temos assistido a mudanças políticas, econômicas, ecológicas. Desnecessário dizer dos impactos na vida de todos nós e do trabalho psíquico necessário para acompanhar minimamente um ambiente em permanente mutação.

 

Vivemos em grandes metrópoles, onde se desenvolvem verdadeiras cidades dentro da cidade, onde enormes desigualdades convivem de forma nada pacífica - e nem poderia ser de outra maneira. Pujança ao lado da miséria, luxo e lixo, indústria automobilística de ponta ao lado de catadores de lixo com seus carrinhos puxados a tração humana, violência ao lado de aumento de crenças - um sem fim de contrastes.

 

O mundo mudou. Nós, psicanalistas, também. Somos confrontados constantemente com desafios à compreensão de uma realidade que a todo momento se apresenta inteiramente desconhecida, nova. Novas culturas, novas configurações de vida profissional, de relações amorosas, familiares. Tudo isso nos exige rapidez, resiliência, criatividade, flexibilização. Da técnica, do enquadre, da interpretação, não se trata apenas de ajustamentos. Somos convocados não apenas a pensar sobre nossos procedimentos, mas a tomar posições. Nosso foco é a subjetividade, claro; mas trata-se, sim, de levarmos em conta esse exército de não sujeitos, os invisíveis, os que não têm rosto. Somos fiéis defensores da diferença, mas o que dizer quando os desiguais reivindicam para si a igualdade?

 

Não nos referimos a ações de caráter individual, mas a pensamento, teorização, tanto a partir da clínica como da cultura, ambas com novas configurações. Os tempos mudaram; nós, psicanalistas, em que mudamos? O que pensamos? Em quem pensamos? E o que preservamos dos fundamentos da nossa prática? Acolher a escrita de autores que se empenham em expressar esse duplo movimento - de refletir sobre o novo e interrogar os fundamentos - tem sido a permanente disposição de Percurso, que os artigos deste número podem bem representar.

 

A clínica psicanalítica sempre se colocou para Freud como a matéria-prima de sua construção metapsicológica, confrontando-o com inúmeras questões inéditas que ele soube acolher e cuja problemática circunscreveu mesmo que não tivesse respostas satisfatórias.

 

Tarefa imperativa, condição de renúncia à onipotência e de cuidado frente ao risco de alienação que nosso solitário trabalho nos impõe, e na esteira da herança freudiana, Percurso inaugura neste número uma nova seção, "Debate Clínico". A especificidade deste novo espaço consistirá em podermos seguir diferentes linhas de pensamento e atuação na clínica, impondo-nos a obrigação de repensar e reinventar novos modos e novas referências para pensar o sujeito pós-moderno a que estamos nos referindo.

 

Nos últimos meses sofremos perdas importantes de psicanalistas que tiveram enorme contribuição na virada teórica do século xx e, consequentemente, em nossa formação: Jean Laplanche, Joyce Mac Dougall, Gui Rosolatto e, mais recentemente, André Green.

 

E a nós, geração herdeira, resta não a orfandade, mas o dever ético de transmitir e de fazer trabalhar a psicanálise. Para tanto, homenageamos Izidoro Berenstein, também recentemente falecido, analista articulado com seu tempo, cuja vida se pautou pela coerência de ideias tanto na política quanto na vida profissional e na produção teórica. Lutou contra o dogmatismo nas instituições e nunca abriu mão de suas ideias e princípios. Da mesma forma, nunca deixou de teorizar sobre sua práxis.

 

Finalmente, tendo estado entre nós, Heytor O'Dwyer de Macedo, psicanalista brasileiro radicado em Paris, nos brinda com uma entrevista na qual coloca à disposição tanto sua prática clínica quanto sua preocupação constante com o que denomina "estar vivo".

 

E, para estar vivo, "impossível falar (ou escrever) sobre psicanálise sem os conceitos com que um psicanalista pensa a psicanálise".

 

Boa leitura!

 


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Percurso é uma revista semestral de psicanálise, editada em São Paulo pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde 1988.
 
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