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ÍNDICE TEMÁTICO 
37
Ética do psicanalista
ano XIX - 2° semestre 2006
131 páginas
capa: Miriam Nigri Shreier
  
 

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 EDITORIAL

Editorial

Letter from the editors

Queiram ou não os autores e seguidores da mais recente fórmula de ódio editorialista destilada contra Freud e freudianos, o Livre noir de la psychanalyse põe em evidência a força e a atualidade da escritura freudiana. Intelectuais como Elisabeth Roudinesco, a entrevistada deste número, aproveitam o rebote do ataque para, em suas réplicas, convocar psicanalistas para se engajarem no esforço de historicização epistemológica, social e política da psicanálise. Nesta direção, o artigo que inaugura este número mostra de que modo o romance histórico Moisés encena, pelo viés da prova arqueológica, a extemporaneidade e o anacronismo, a lacuna e o silêncio do saber intrínseco à lógica inconsciente. Seria a psicanálise uma falsa ciência condenada ao suplício do fogo? Se o objetivo da ciência é exibir relações causais, o conhecimento inaugurado pela psicanálise não é científi co. A ruptura que faz com a perspectiva temporal impõe que seus métodos se evidenciem a posteriori, pelas vias que permitem abrir, e não pela confi rmação da necessidade de seus princípios dados por anterioridade. A começar pela equivocidade da linguagem, que habita as ambigüidades e hesitações lá na fronteira onde o real pede a palavra, o texto freudiano revela a indissociabilidade do conteúdo e da forma, do pensamento e do método, fazendo trabalhar, no interior de uma tensão dialética, verdade e fi cção, ato e fala. Se, como propõe outro de nossos colaboradores, a ascendência da língua hebraica sobre o pensamento de Freud privilegiou os objetos em relação com sua função, é o verbo aqui que sai engrandecido. Espécie de hidráulica das vicissitudes da pulsão é, pois, a linguagem substituta do Pai morto que nomeia e constrói a ponte do desejo no corpo, fazendo surgir palavra no desejo ou levando o desejo a frustrá-la, fracassando em falar. É, portanto, no lastro da renúncia do desejo que se dão os processos de pensamento e representação, atos-de-fala equivalentes a um fazer que, em sua mobilidade progressiva, criam sentido, tecem, destecem e retecem a narrativa do texto subjetivo. Mas, atenção! Alerta-nos uma colaboradora sobre o risco de ritualização da terapéia pelo fetiche da técnica e da teoria. E, em um momento de enunciação e votação do estatuto da psicoterapia, é vital, e mais do que necessário para o tratamento psicanalítico, preservar sua singularidade, que nos ocupemos em formular os princípios do método sobre os quais se apóia a construção de seus conhecimentos. Prossigam, então, na leitura deste trigésimo sétimo número que contém várias vertentes da tradição freudiana.
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Percurso é uma revista semestral de psicanálise, editada em São Paulo pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde 1988.
 
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