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Resumo
texto propõe uma reflexão acerca da construção do corpo erógeno e das vias de satisfação pulsional a partir dos impasses subjetivos apresentados pela criança autista. Sabemos que o corpo se constitui a partir do traçado erótico demarcado nos encontros primordiais, onde a função materna inscreve superfícies e bordas, colocando em circulação o desejo e a possiblidade amorosa. Sem deixar de considerar os enigmas oferecidos pela configuração autística, pretende-se apresentar algumas elaborações acerca dos impasses na subjetivação-construção do corpo no autismo, retomando experiências clínicas registradas desde o caso Dick apresentado por Melanie Klein em 1930 até autores expressivos da atualidade.


Palavras-chave
ralidade; autismo; corpo erógeno; função materna; subjetivação


Autor(es)
Silvana Rabello
é psicanalista, mestre em Distúrbios da Comunicação, professora na Graduação em Psicologia, na Especialização em Teoria Psicanalítica e coordenadora e supervisora do projeto Espaço Palavra (PUCSP), membro do Departamento de Psicanálise e professora no Curso de Psicanálise de Crianças no Instituto Sedes Sapientiae.


Notas

Nota Trabalho apresentado no v Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental - Dietética, Corpo, Pathos, realizado em Fortaleza, entre os dias 6 e 9 de setembro de 2012, no Simpósio intitulado "A convocação do corpo na clínica psicanalítica". Naquela ocasião estavam junto a ela Marta Rezende Cardoso (coordenadora), Jacques André e Maria Helena Fernandes. Agradecemos a Josefina Martins Carvalho pelo envio do texto e a Adela Judith Stoppel de Gueller pela revisão.

 

1.      P. Moura; F. Sato; M. Mercadante, "Bases Neurobiológicas do Autismo: enfoque no domínio da sociabilidade", p. 836-44. 

2.      P-H. Castel, "Amor", in Dicionário de Psicanálise Freud e Lacan, p. 11-38. 

3.      Assim chamada por Freud em Pulsões e destinos de pulsão (1915)

4.      M. C. Laznik-Penot, "Do Fracasso da Instauração da Imagem do Corpo ao Fracasso da Instauração do Circuito Pulsional: quando a alienação faz falta" in M. C. Laznik-Penot (org.), O que a Clínica do Autismo Pode Ensinar aos Psicanalistas, p. 31-48. 



Referências bibliográficas

Castel P-H. (1994). Amor. In Dicionário de Psicanálise Freud e Lacan. Bahia: Ágalma. 

Freud S. (1915/1979). As pulsões e seus destinos. In Artigos sobre Metapsicologia. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, vol xiv. 

Kupfer M.C. (2008). Autismo: uma Estrutura Decidida? Uma contribuição dos estudos sobre bebês para a clínica do autismo. In D. Teperman (org.), O Que os Bebês Provocam nos Psicanalistas. São Paulo: Escuta. 

Laznik-Penot M.-C. (1991). Do Fracasso da Instauração da Imagem do Corpo ao Fracasso da Instauração do Circuito Pulsional: quando a alienação faz falta. In M. C. Laznik-Penot (org.), O que a Clínica do Autismo Pode Ensinar aos Psicanalistas. Salvador: Ágalma. 

Bernardino L.; Laznik M-C.; Araujo G. (2011). As vicissitudes do encontro mãe/bebê: um caso de depressão. Estudos de Psicanálise, Minas Gerais, n. 35, jul. 

Moura P.; Sato F.; Mercadante M. (2000). Bases Neurobiológicas do Autismo: enfoque no domínio da sociabilidade, Brain, v. 123. 





Abstract
he text proposes a reflection about the construction of the erogenous body and the pathways of drive satisfaction from the subjective impasses presented by the autistic child. We know that the body is constituted from the erotic tracing demarcated by the primordial encounters, where the maternal function inscribes surfaces and edges, putting into circulation the desire and the amorous possibility. Without neglecting the enigmas offered by the autistic configuration, the author intends to present some elaborations about the impasses in the subjectivation-body construction in autism, going back to recorded clinical experiences, such as the Dick case presented by Melanie Klein in 1930, to present day expressive authors.


Keywords
rality; autism; erogenous body; maternal function; subjectivation.

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 TEXTO

Os impasses na subjetivação-construção do corpo no autismo

The impasses in the subjectivation-construction of the body in autism
Silvana Rabello

A Revista Percurso quis prestar homenagem à amiga e colega Silvana Rabello, recentemente falecida, publicando um texto inédito apresentado oralmente no v Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental (2012). Professora da puc-sp, implicada nas causas que lutavam pela atenção à dignidade e a promoção da saúde na infância, Silvana Rabello se dedicou, desde o início de sua carreira, à clínica psicanalítica com crianças com questões de linguagem que apresentavam grave sofrimento psíquico. Seu texto nos deixa como legado sua profunda implicação clínica, sua sensibilidade na escuta e a preocupação com a difícil situação desses pais. 

 

Adela Stoppel de Gueller

 

 

Dietética, corpo, pathos nos convoca a pensar os distúrbios da oralidade contemporâneos, enquanto tensão oriunda dos limites que são determinados às nossas práticas orais compulsivas e excessivas. Distúrbios que falam de excessos que fogem à regulação: bulimia, obesidade, alcoolismo, drogadição, voracidade, devoração, inclusive na anorexia, que faz pensar em certo excesso em jogo na sua causação. A partir desse enquadre, sugiro uma reflexão sobre outra configuração psíquica que se caracteriza pela ausência de excessos na ordem da oralidade, do prazer em saborear e ser saboreado: o autismo. Seus dados epidemiológicos revelam uma mudança nos últimos 50 anos de 1- 10.000 para 1- 123, segundo Moura, Sato e Mercadante. 

Se existe um excesso sugerido pelo autismo, certamente não é do prazer oral compulsivo, enquanto marca prazerosa do Outro a ser regulado. Ao contrário desses distúrbios da oralidade contemporâneos, o autismo revela uma ausência de inscrições prazerosas do Outro no corpo, determinando peculiaridades nas relações entre espaço psíquico e corporal, na constituição das fronteiras entre esses espaços, dos limites entre eu e outro, assim como das representações psíquicas em geral, nos interrogando, pelo avesso, acerca da ética da oralidade no entrecruzamento da subjetividade com a cultura, alvo desse congresso. 

Pensar a subjetividade para além dos sinais de normalidade ou adequação, a partir da ética do singular, é um dos legados freudianos. Sempre um desafio! Pensar o autismo, então, é arriscar-se em terra estrangeira, tentando inscrever o que não cansa de não se inscrever nem no campo simbólico nem no campo erógeno e pulsional. 

Destacarei, portanto, o jogo amoroso e a erogeneidade em construção, na cena em que se desenrola a constituição subjetiva numa criança assim como seus limites. Limites de Eros, pensados, aqui, a partir desse impasse apresentado pela criança autista: o não estabelecimento da experiência do prazer compulsivo em saborear e ser saboreado pelo Outro. Ao lado de tantos enigmas suscitados nessa clínica, tecerei algumas considerações acerca dos impasses na subjetivação-construção do corpo. 

Sabemos que o corpo se constitui a partir do traçado erótico demarcado nos encontros primordiais, nos que a função materna inscreve superfícies e bordas, marcando-o para a vida e fazendo circular nele o desejo e a possiblidade amorosa. É nos meandros dessa relação, que passa de real a pulsional e narcísica, assim como no exercício das palavras e desejos, que o jogo amoroso se estabelece numa criança. 

Provocar o olhar e o desejo do Outro... 

Sentir prazer com o entusiasmo do Outro em olhá-lo... 

Encantar-se com o prazer do Outro na troca amorosa... 

Essas confissões amorosas, sob certo véu da censura, constituem os movimentos fundantes da circulação pulsional num bebê, sua porta de entrada no universo da subjetivação e o lugar onde ele se oferece com prazer, desde cedo, à volúpia oral materna, sabendo se fazer amar e se fazer constituir subjetivamente no laço com o Outro. 

Segundo Castel, temos aí uma dificuldade paradoxal, porque falar de amor é também falar de um gozo a ser regulado; proposição inquietante trazida à tona pelo discurso psicanalítico que vai de encontro a um certo ponto do discurso da ciência. Mas Lacan, em vários de seus seminários, insiste, com razão, em que os psicanalistas deveriam falar mais sobre o amor, entendendo ser este o palco fundamental onde se constrói a cena subjetiva, que será reeditada no jogo transferencial, armando as regras do jogo psicanalítico que o psicanalista precisa saber jogar. 

Cabe lembrar que para Freud, em seu texto sobre as pulsões, a palavra "amar" se avizinha da esfera da pura relação de prazer do Eu com o objeto. Pensando na construção dessa dimensão amorosa erótica, sabemos, hoje, que faz parte do cotidiano da vida dos bebês de três meses de idade a provocação prazerosa do olhar do Outro, o encantamento em cada sucesso nessa provocação, a experiência de exaltação que surge ao descobrir seu poder de provocar encantamentos em seu Outro, quando os bebês se fazem perceber através de seu corpo. Profundos conhecedores dos jogos eróticos e do desejo materno, os bebês se encontram, já aos três meses, completamente instalados num complexo circuito pulsional. 

Sabemos disso graças aos pesquisadores do grupo francês prèaut (Prévention Autistique), que examinaram mais de 15.000 bebês de três meses de idade e os reconheceram nesse enlaçamento primordial, já constituído e pulsionalmente ativo, como provocadores do desejo materno sobre si. Sábios em se fazerem objeto deste e conhecedores da falta materna e do seu potencial fálico se instalam nessa dinâmica que irá referenciá-los ao campo do Outro enquanto lugar simbólico. A ausência de uma circulação pulsional plena no autismo, identificada por este mesmo grupo, revela que o estabelecimento desse laço pulsionalizado, desse saber do bebê em se fazer objeto do desejo materno, não é natural e não se dá por caminhos isentos de complexidade. O autismo numa criança revela, portanto, que a lógica erótico- pulsional não se inscreve e não consegue dirigir o processo de subjetivação. Frente a tal limite de Eros, não se constroem redes representacionais organizadas nem se constituem vivências de satisfação - enquanto circuitos de prazer no laço com o Outro primordial a serem reeditados e ampliados na construção das infinitas significações partilhadas no laço social. 

Para que a alienação à imagem do Outro aconteça, eixo de toda relação simétrica com o semelhante, é necessário que se estabeleça o jogo pulsional com o Outro primordial que irá afirmar com seus significantes uma imagem. O agente do olhar que funda a unidade do corpo, do eu, sublinha assim, ao mesmo tempo, sua dissimetria estrutural. Podemos lembrar, para isso, da cena do estádio do espelho, onde a criança se vira para o adulto que a carrega, para lhe demandar a confirmação, pelo olhar, do valor que ela apercebe nessa relação, sem a qual a imagem não se sustenta. 

Entendemos, então, o corpo como um efeito do olhar, enquanto investimento libidinal que o constitui e que reenvia o bebê, daí em diante, compulsivamente, à busca do ser olhado e olhar. É a partir dessa experiência que se constituiu e se sustenta o corpo e se instauram as condições para organizar a relação simbólica fundamental - ausência/ presença - conforme verificamos diariamente no fort-da das crianças. É isso que falta no olhar de uma criança autista. Para ela, o olhar não é investimento libidinal. E, pelo mesmo motivo, falta a provocação prazerosa do olhar da mãe. 

Não é suficiente que a criança olhe. É preciso que se faça olhar, buscando com prazer o prazer do Outro em olhá-la, buscando seu investimento libidinal, recomeçando a iniciativa amorosa do Outro e se encantando quando o Outro revela prazer e desejo nessa troca amorosa. Assim, um bebê costuma chamar pela sua dependência, na qual pode se constituir subjetivamente, sendo um objeto para o Outro, podendo se alienar e ganhar consistência subjetiva numa dimensão prazerosa. Ele ativamente dá-se ao outro para fisgá-lo e ser fisgado. 

Freud avança na sua compreensão desse processo, quando sugere que acontece aí, para esse bebê, um novo sujeito. Um novo sujeito, para o qual o bebê se mostra para ser olhado por ele. Um novo sujeito, para que o bebê possa se assujeitar a ele. Um novo sujeito, porque vai se tornar o sujeito da pulsão do bebê, engatando a circulação pulsional. Um novo sujeito, que trabalharia como a linha e a agulha, alinhavando o fantasma materno e o Outro ao corpo do bebê, estabelecendo a lei no contraponto com as trocas compulsivamente prazerosas, excessivas o suficiente, como para marcar o corpo do bebê, configurando assim a necessária alienação. 

Conforme Laznik, só podemos falar de um verdadeiro autoerotismo se houve o surgimento desse novo sujeito enquanto tal. Só assim podemos falar da instauração da satisfação pulsional, da vivência de satisfação, a partir da qual podemos supor a experiência de uma verdadeira satisfação alucinatória do desejo. Só ali vemos um bebê adormecer sugando o dedo ou a chupeta. Dessa operação decorre a articulação entre corpo e linguagem e surge um sujeito de desejo e um sujeito da linguagem. 

A criança ou o bebê autista nem se interessa pelo prazer que pode oferecer à sua mãe, nem em fisgar seu gozo para gozar também, nem em entrar no campo desejante, evidenciando a expressão máxima dos limites de Eros. Eles não conseguem estabelecer o olhar, ou qualquer outro de seus movimentos, na lógica da circulação pulsional, revelando, ao contrario da circulação, um movimento paralelo, ativo ou reflexivo de certa forma, mas que não alcança a complexa configuração da voz média reflexiva que implica a provocação ativa para fazer-se passivo perante o Outro. Então, de que corpo falamos no autismo, já que não é desejante nem alienado ao desejo do Outro? 

Um corpo que não demanda ao Outro nem em caso de sofrimento ou aflição e que revela, como resposta a determinados estímulos, uma aflição cataclísmica, tal como a nomeia Laznik. É como se a criança se partisse em pedaços, como acontecia com Luiz, um frágil e quieto garoto de quatro anos, que podia destruir uma festa, como o fizera algumas vezes, se um estímulo sonoro ou um movimento brusco o assustasse. Ou, de outra forma, como acontecia com Leo, que urrava de dor a cada vez que tinha que atravessar uma porta ou passar embaixo de uma árvore. O evitamento radical dessas situações, por parte dessas crianças, era a resposta possível frente à enorme dificuldade em administrar sua excitação, sugerindo não ter organizado, por falta dessa experiência pulsional complexa, uma imagem mínima que sustentasse seu corpo. 

Conforme sugere Laznik, essas crianças não organizam o que Lacan chamou imagem originária de seu corpo como unidade, uma certa consistência corporal, que seria anterior à sua reedição narcísica especular e sua condição. Esta unidade desenhada pelo olhar materno, enquanto investimento libidinal, é nomeada, pela autora, como falha fundamental da própria presença original do Outro, e diz mais respeito aos domínios do narcisismo primário que ao do secundário. Em meio à organização assim descrita, que qualidade de oralidade podemos supor, se é que podemos supor alguma?

Retomo alguns movimentos de Leo, que parece nos ensinar sobre isso através de seu difícil processo de desmame, vivido até os dois anos de idade. Seu desmame foi realizado de alguma forma pela mãe, mas não por ele. Ali surgiram as primeiras aflições cataclísmicas, de onde vieram as demais, como as descritas acima, ao ter que atravessar uma porta ou passar sob uma árvore. Quando separado do seio materno, ele passou a buscá-lo por toda parte, em todos os corpos e objetos. Isso o levava a um segundo de esperança, e o desencontro, a um novo cataclismo. Víamos a busca do seio, de maneira indiferenciada e por toda parte. Do seio e não da mãe, o que acusava, em seu quadro autístico severo, a não instalação do circuito pulsional no laço com o Outro, único caminho por onde o Outro primordial poderia nele se inscrever, construindo suas reedições, até a sua formação simbólica fundamental enquanto presença - ausência. 

Muitos objetos autísticos, nesse menino ou em outras crianças como ele, parecem, assim como o seio para Leo, apontar para uma separação impossível. Porém, não se trata do fracasso da castração/separação como acontece nas psicoses. Trata-se da falha fundamental da própria presença original do Outro, do fracasso de uma inscrição psíquica originária suficiente do Outro, que viria possibilitar, num segundo tempo, a separação. Parece não se ter instaurado a estrutura primeira do aparelho psíquico, fruto do corte e costura pulsional, que montaria um corpo suficientemente alinhavado, que sustentaria o corpo da criança, com as fronteiras do investimento libidinal e da lógica do prazer. Sem essa primeira instauração, os objetos todos, mesmo o objeto mãe, acabam por ser incorporados à criança, assim como seus objetos autísticos, como uma única lógica possível. Não sendo objetos perdidos, surge uma aflição cataclísmica de um corpo que se despedaça. Sem a instauração da imagem primordial do corpo, que determina a incorporação como lógica organizadora da relação da criança com o seu mundo, fica inviabilizada a reversibilidade possível da libido do corpo próprio, para aquela do objeto, e resta como único destino libidinal o ensimesmamento. 

Se entendemos que a psicanálise é uma teoria da encarnação, do fantasma na carne e da transferência à pessoa do analista, conforme ouvimos na apresentação de Jacques André, seria a psicanálise possível nessa configuração, nessa radicalidade de um sujeito sem outro? Que transferência se organiza nessa clínica, na que não há um Outro inscrito na criança, como efeito dessa falha fundamental e, portanto, sem a possibilidade de movimentar a posição lógica da criança através do fantasma parental?

Como uma possível resposta, retomo aqui a experiência clínica registrada por Melanie Klein, em 1930, na qual ela apontava, como direção clínica, o resgate da circulação pulsional na lógica do desejo. Ela buscou isso através de interpretações fantásticas feitas a Dick, que entraram para a história e foram retomadas por tantos autores. A incidência da função paterna e materna, como chave fundamental na trama da constituição subjetiva, pressupõe pensar o campo e a função da linguagem, no dizer daqueles que sustentam uma função instituinte, que permitirá que a criança encarne o desejo, o mal-estar, sintomas e inibições. Porém, o fracasso na instauração do processo pleno de alienação impede essa transmissão, assim como a captura na fantasmática parental. 

Os pais também sofrem esse fracasso e se encontram frente à dificuldade de não poder exercer o lugar de pais protetores, ou seja, de sustentar o lugar de Outro primordial. Para se defender desta não instauração, parecem dar um jeito de não perceber. Afinal, como podem exigir de um bebê que sinta prazer em encontrá-los ou prazer em agradá-los? Como podem se queixar de seu bebê, não os sustentar enquanto Outro primordial, não se importar com seus desejos nem ser tocado por seus fantasmas? A não instauração do desejo num bebê não pode ser denunciada pelos pais sem constrangimento. Por isso, eles só se autorizam a fazer alarde quando essa estranha configuração começa a se apresentar através de sinais deficitários na criança. 

Como já disse, são muitos os enigmas suscitados nessa clínica. Procurei apresentar algumas considerações dos impasses na subjetivação-construção do corpo, pensadas a partir das provocações determinadas pela ótica dos distúrbios da oralidade, tema desse congresso. 


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