voltar ao sumário voltar ao sumário
| | EDITORIALEditorialLetter from the editors
Depois do sucesso alcançado pelo número 52, dedicado a ouvir psicanalistas sobre o período da Ditadura Civil Militar em nosso país, este numero é, também, fruto da história de Percurso. Se aquele foi um número que revelou a pertinência de tornar coletivas as lembranças do período, iluminando fatos até então desconhecidos para a construção de um registro compartilhado, este acolhe contribuições diversas da teoria e da clinica psicanalítica. Como tributo à fidelidade de abertura e continuidade, permanência e transformação, alguns textos que compõem o presente número, tomam agora um vértice diferente, o da singularidade da clínica, privilegiando o acolhimento do paciente e sua história, o que implica em romper a solidão para dar suporte à economia psíquica de cada sujeito na cena da narração, que supõe interlocutor ouvinte e participante. Dentre as vertentes abertas pelos diferentes artigos, chama atenção a presença de uma investigação sobre os processos de subjetivação, colocando em destaque os lugares de borda e fronteira, e sua potência de novos sentidos. A questão do feminino comparece de forma explícita tanto na clínica das neuroses como das psicoses, e também se desvela no campo das artes. Para alguns autores a compreensão da obra de arte e do método psicanalítico aproximam-se, pois ambas as investigações partem de aparentes irrelevâncias e da análise de detalhes para formularem suas hipóteses. A busca de compreender os processos de produção da subjetividade é também referida no debate com o entrevistado, que defende que a psicanálise deve incluir-se no diálogo com o campo das neurociências, uma vez que a complexa relação entre o funcionamento biológico e a experiência humana na cultura segue desafiando a todos. Cristalizações, inibição, rigidez, fixação perversa, naturalização redutora, aparecem na clínica, nas artes e nas ciências, convocando o analista, e reiteram a inserção na cultura como intrínseca ao fazer analítico. Esperamos que o leitor faça seu próprio recorte a partir das questões que os textos suscitam, muitas delas instigantes. Boa leitura!
| |